Por: Nuno Cardoso da Silva

Acho extraordinário que pessoas que são tidas por economistas – Francisco Louçã e João Ferreira do Amaral – insistam no espantoso disparate que seria a saída de Portugal da zona euro. Em nome de um acréscimo artificial, insuficiente e momentâneo de uma competitividade sem suporte na produtividade. Ao longo dos anos em que estudei, li e ensinei economia, cheguei à conclusão de que só o aumento da produtividade podia levar a uma competitividade sustentável, e que só o investimento – em bens de equipamento, em tecnologia e em formação – podia levar ao necessário aumento da produtividade. O truque da desvalorização – que pode ser útil para corrigir desequilíbrios conjunturais – nada pode fazer relativamente aos desequilíbrios estruturais. Sair do euro nada resolveria de forma sustentável e geraria muitos outros problemas que esses “economistas” fazem de conta que não surgiriam. A nossa sorte é que ninguém de bom senso dá atenção àqueles bonzos caquéticos, e ninguém pensa a sério em sair do euro. Mas é preocupante que haja quem defenda tal disparate.